terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Aula 02.1 - Conceitos de Probabilidade

O objetivo deste texto é introduzir o conceitos de Probabilidade, suas variáveis e propriedades. 
A Teoria da Probabilidade estuda eventos aleatórios, (eventos que não possuem regularidade determinística, mas possuem regularidade estatística). A ausência de regularidade determinística significa que observações feitas nas mesmas condições não dão o mesmo resultado, enquanto a regularidade estatística se manifesta na estabilidade estatística de frequências.
Figura 01 - Experimento aleatório
com regularidade estatística.
No lançamento de um dado, apesar de a trajetória do dado ser determinística do ponto de vista da mecânica Newtoniana, é impraticável tentar prever seu resultado: este experimento não possui regularidade determinística. 
No entanto, esse experimento possui regularidade estatística e o tratamento probabilístico é o mais adequado. 
Um Espaço de Probabilidade, ou Modelo Probabilístico, ou ainda Modelo Estatístico, é uma abstração matemática, é uma idealização que busca representar os fenômenos aleatórios. Os conceitos básicos de probabilidade estão definidos abaixo.
  1. Experimento Aleatório é um experimento no qual: i) todos os possíveis resultados são conhecidos; ii) resulta num valor desconhecido, dentre todos os resultados possíveis; iii) pode ser repetido em condições idênticas.
  2. Espaço Amostral é o conjunto de todos os resultados possíveis para um experimento aleatório. É denotado pela letra grega "ômega" W. O espaço amostral pode ser: Discreto Finito: formado por um conjunto finito de pontos; Discreto Infinito: conjunto infinito e enumerável de pontos; Contínuo: formado por um conjunto Não Enumerável de pontos.
  3. Um Evento é um subconjunto de W, associado a um experimento. É denotado por letras maiúsculas: A, B, C, D, E, . . .
Os eventos que ocorrem em um experimento aleatório pode ser classificados como:
  1. Eventos Independentes - Dois eventos A e B são independentes quando a ocorrência de um evento não influência na probabilidade de ocorrência do outro evento. 
  2. Um Evento Complementar: denotado por Ac é o complementar de em relação a W, ou seja, Ac È A = W. 
  3. Dois eventos A e B são mutuamente exclusivos, ou disjuntos, se: A Ç B = Æ.
  4. Eventos dependentes - Dois eventos A e B são dependentes quando a ocorrência de um evento influência na probabilidade de ocorrência do outro evento. 
Exemplo 01 - Eventos Independentes - Imagine o lançamento de um dado em que um jogador precisa obter no primeiro lançamento = { 2 }; e no segundo lançamento B = { 5 }. Claramente o primeiro lançamento não interfere no segundo.

Exemplo 02 - Eventos Complementares - Imagine o lançamento de um dado se um jogador obter no primeiro lançamento = { 1 }. é porque não saiu  A= { 2, 3, 4, 5, 6 }.

Exemplo 03 - Eventos disjuntos - Imagine o lançamento de uma moeda o jogador obter cara no primeiro lançamento é porque não saiu coroa.

Exemplo 04 - Um dado equilibrado é lançado e seu número é observado. O espaço amostral  é: W = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }. Sejam as possibilidades de eventos
  1. Evento A = O número observado é menor ou igual a 4, então, = { 1, 2, 3, 4 }; 
  2. Evento B = O número observado é par, = { 2, 4, 6 };
  3. Evento C = O número observado é ímpar, = { 1, 3, 5 }. 
Então, temosÇ = { 2, 4 } e Ç = { 1, 3 }; Como Ç Æ, temos então quesão disjuntos pois Bc = C, pois È { 1, 2, 3, 4, 5, 6 } = W. 

Num modelo em que os resultados são equiprováveis, o espaço amostral é um conjunto finito  e a medida de probabilidade é proporcional à quantidade de resultados que fazem parte de um dado evento: P (B)  = B / Wonde B denota a cardinalidade do conjunto B está contido em W, isto é, a quantidade de elementos que pertencem a B.

Exemplo 05 - Imagine o lançamento de um dado em que um jogador precisa obter 5 ou 6. 
Neste caso temos o  espaço amostral W = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, e o evento  D = {5, 6};
Calculamos a probabilidade do ocorrer o evento:  P(D) =  D / W = 2 / 6 = 1/3 = 33%.

Figura 02: tipos de Naipes.
Exemplo 06 - Imagine o sorteio de uma carta em um baralho francês com 52 cartas (espaço amostral), numeradas A, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, J, Q, K e de a tipos de naipes conforme ilustrado. Queremos saber a probabilidade de um jogador tirar: 4 de Paus, 7 de Copas , Ás de Espada ou 7 Ouro.
O evento que será denotado por E. Temos então: P(E) =  E / =  4 / 52 = 1/13 = 8%.


Probabilidade é a medida de quão provável é que um evento aconteça dentre todos os resultados possíveis. Calcular probabilidades permite usar a lógica e o raciocínio até mesmo com certo grau de incerteza.

1 -Calcular probabilidade de um único evento aleatório

Este cálculo diz respeito à possibilidade de que um ou mais eventos aconteçam dividida pelo número de resultados possíveis

Figura 01 - Probabilidade de único evento
Exemplo 1.1: Digamos que você queira descobrir a probabilidade de obter um "três" em um dado de seis lados?
Resposta: No caso de obter um três com o dado, a quantidade de eventos é igual a um (há apenas um três por dado) e a quantidade de resultados possíveis é igual a seis. Você também pode pensar nisso como sendo 1 ÷ 6, 1/6, 0,166… ou 16,6%. 
Exemplo 1.2: Qual a probabilidade de escolher um dia que caia em um fim de semana, ao escolher um dia da semana aleatório?
Resposta: A quantidade de eventos é igual a dois (uma vez que apenas dois dos sete dias fazem parte do fim de semana) e a quantidade de resultados possíveis é igual a sete. A probabilidade será igual a 2 ÷ 7 = 2/7, 0,285 ou 28,5%.
Exemplo 1.3: Um recipiente contém 4 bolinhas de gude azuis, 5 vermelhas e 11 brancas. Se uma das bolinhas de gude for tirada do recipiente aleatoriamente, qual a probabilidade de que ela seja vermelha?

Resposta: A quantidade de eventos é igual a cinco (uma vez que há apenas cinco bolinhas de gude vermelhas) e a quantidade de resultados possíveis é igual a 20. A probabilidade será igual a 5 ÷ 20 = 1/4, 0,25 ou 25%.

2 - Calculando a probabilidade de múltiplos eventos aleatórios

Calcular a probabilidade de eventos múltiplos é uma questão de dividir o problema em probabilidades separadas e Multiplicar as probabilidades ambos os eventos entre si. Isso lhe dará a probabilidade de eventos múltiplos ocorrendo um após o outro.

Figura 02 - Probabilidade de múltiplos eventos
Exemplo 2.1: Qual a probabilidade de obter dois cinco consecutivos com um dado de seis lados?
Você sabe que a probabilidade de obter um cinco é igual a 1/6 — a probabilidade de obter outro cinco com o mesmo dado é também igual a 1/6. Esses são eventos independentes, porque o que você obtém na primeira vez não afeta o que acontece na segunda — você pode obter um três e, a seguir, obter novamente um três.
Resposta: A probabilidade de cada evento independente é igual a 1/6. Isso nos dá 1/6 × 1/6 = 1/36, 0,027 ou 2,7%.
Exemplo 2.2: Duas cartas são extraídas aleatoriamente de um baralho. Qual a probabilidade de que ambas sejam do naipe de paus?
A probabilidade de que a primeira carta seja do naipe de paus é igual a 13/52, ou 1/4 (há 13 cartas de cada naipe em todos os baralhos). Agora, a probabilidade de que a segunda carta também seja do mesmo naipe será igual a 12/51.
Você está mensurando a probabilidade de eventos dependentes. Isso acontece porque o que é feito na primeira vez afeta o que acontece na segunda — se você tira um 3 de paus e não a coloca de volta, haverá uma carta de paus a menos no baralho (51 em vez de 52).
Resposta: A probabilidade de o primeiro evento acontecer é igual a 13/52. A probabilidade de o segundo evento acontecer é igual a 12/51. Logo, a probabilidade de que ambos ocorram consecutivamente será igual a 13/52 × 12/51 = 12/204, 1/17 ou 5,8%.
Exemplo 2.3: Um recipiente contém 4 bolinhas de gude azuis, 5 vermelhas e 11 brancas. Se três bolinhas de gude forem tiradas do recipiente, aleatoriamente, qual a probabilidade de que a primeira seja vermelha, a segunda seja azul e a terceira, branca?
A probabilidade de que a primeira bolinha de gude seja vermelha é igual a 5/20, ou 1/4. A probabilidade de que a segunda bolinha de gude seja azul é igual a 4/19, uma vez que temos uma a menos (mas não uma azul a menos). E, por fim, a probabilidade de que a terceira bolinha de gude seja branca é igual a 11/18, porque já retiramos duas. Essa é outra medida de um evento dependente.
Resposta: A probabilidade de o primeiro evento acontecer é igual a 5/20, ou 1/4. A probabilidade de o segundo evento acontecer é igual a 4/19. Logo, a probabilidade de que ambos ocorram consecutivamente será igual a 5/20 × 4/19 × 11/18 = 44/1.368, ou 3,2%.

© Direitos de autor. 2018: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 02/02/2018

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Aula 01 - Histórico da Manutenção Industrial

Figura 1 - Industria Artesanal
Quando o homem começou a Manusear Instrumentos e desenvolver as máquinas para a produção de bens de consumo a manutenção foi emergindo a partir do momento em que novas necessidades eram criadas.
Ela acompanhou a evolução técnico-industrial da humanidade e se desenvolveu conforme as mudanças no perfil de mercado. 
No fim do século XIX, com a Mecanização das Indústrias, surgiu a necessidade dos primeiros reparos e até 1914, a Manutenção era renegada a segundo plano sendo executada pelo mesmo efetivo de operação. 
Figura 2 - Industria Mecanizada
Com a implantação da produção em série, instituída por Ford, as fábricas passaram a estabelecer programas mínimos de produção e, em conseqüência, sentiram necessidade de criar equipes que pudessem efetuar reparos em máquinas operatrizes no menor tempo possível. Assim surgiu um órgão subordinado à operação, cujo objetivo básico era de execução da Manutenção Corretiva.
3 - Após a Segunda Guerra Mundial aumentou significativamente a necessidade por uma produção mais ágil e ao mesmo tempo confiável; as intervenções corretivas, aquela que ocorre após a falha ou quebra do ativo, não eram mais suficientes. A Manutenção preventiva surgia não só para corrigir as falhas, mas também para evitá-las, a Manutenção tornou-se tão importante quanto a Operação.
Figura 3 - Produção em Série
Após a década de 50, surgiu uma grande evolução na aviação comercial e na indústria eletrônica. Com  o uso de dados relativos á manutenção preventiva baseada na estatística (tempo ou horas trabalhadas), observou-se que o tempo gasto para diagnosticar as falhas era maior do que o de execução do reparo. A alta administração, então, resolveu selecionar equipes de especialistas para compor um órgão de assessoramento, que se denominou "Engenharia de Manutenção", recebendo os encargos de planejar e controlar a manutenção preventiva e analisar causas e efeitos das avarias.
Figura 4 - Manutenção corretiva
Com a difusão dos computadores, o fortalecimento das Associações Nacionais de Manutenção e a sofisticação dos instrumentos de proteção e medição, a Engenharia de Manutenção passou a desenvolver critérios mais sofisticados de Manutenção Baseada em Condições, estes foram unidos a sistemas automatizados de planejamento e controle, reduzindo os serviços burocráticos dos executantes de Manutenção. Estas atividades acarretaram o desmembramento da Engenharia de Manutenção que passou a ter duas equipes: a de estudos de ocorrências crônicas e a de Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), esta última com a finalidade de desenvolver, implementar e analisar os resultados dos serviços de manutenção, utilizando-se um sistema informatizado como ferramenta de suporte.
No início dos anos 70, foi levado em questão o envolvimento dos aspectos de custos no processo de gestão da Manutenção. 
Figura 5 - Manutenção Preventiva

Esta técnica propunha a capacidade de combinar os meios financeiros, estudos de confiabilidade, avaliações técnicas-econômicas e métodos de gestão, de modo a obter ciclos de vida dos equipamentos cada vez menos dispendiosos.

Ainda na década de 1970 os japoneses criaram a Total Productive Maintenance (TPM - Manutenção Produtiva Total) envolvendo o ciclo produtivo ocioso da operação para execução de rotinas de manutenção permitindo o mantenedor fazer parte das análises da Engenharia de Manutenção. O objetivo da Manutenção Produtiva Total é evitar quebras, reduzindo paradas!
Figura 6 - Planejamento e
Controle da Manutenção
Com desenvolvimento dos microcomputadores nos anos 80, as áreas de Manutenção passaram a desenvolver e processar seus próprios programas, melhorando o processamento das informações e diminuindo a dependência de disponibilidade humana e de equipamentos para o atendimento as suas prioridades de processamento pelo computador central.Também havia dificuldades de comunicação das necessidades para o analista de sistemas, nem sempre familiarizados com a área de Manutenção.
Figura 7 -Manutenção centrada
no negócio
Em algumas empresas a manutenção se tornou tão importante que o Planejamento e Controle de Manutenção passou a compor uma área de assessoramento à supervisão geral de produção, uma vez que influencia também a área de operação.

No final da década de 80, com as exigências de aumento da qualidade dos produtos e serviços pelos consumidores, a Manutenção passou a ser um elemento importante no desempenho dos equipamentos, haja vista impactar diretamente no produto final. Este reconhecimento foi acatado pela ISO , quando em 1993 revisa a norma série 9000 para incluir a função Manutenção no processo de certificação dando, portanto, o reconhecimento da estrutura organizacional de equivalência dessas duas funções no incremento da qualidade, aumento da confiabilidade operacional, redução de custos e redução de prazos de fabricação e entrega, garantia da segurança do trabalho e da preservação do meio ambiente.

Figura 8 -Manutenção Produtiva Total
 No final do século passado, a Manutenção passou a ter uma importância em grau equivalente ao que já vinha sendo dado à Operação. Em conseqüência, o Planejamento e Controle de Manutenção passou a desempenhar importante função estratégica dentro da área de produção, através do registro das informações e da análise de resultados, auxiliando os gerentes de Produção, Operação e Manutenção na tomada de decisão.


Com o conceito de terotecnologia é a base da atual "Manutenção Centrada no Negócio", onde os aspectos de custos norteiam as decisões da área de Manutenção e sua influência nas decisões estratégicas das empresas. Esta postura é fruto dos novos desafios que se apresentavam para as empresas neste novo cenário de uma economia globalizada e altamente competitiva, onde as mudanças se sucedem em alta velocidade e a manutenção, como uma das atividades fundamentais do processo produtivo, precisa ser um agente proativo.

Apostilas sobre Manutenção de sistemas eletroeletrônicos podem ser obtidas nos links: Manutenção de Sistemas PrediaisManutenção de Sistemas Industriais e Manutenção de sistemas Eletrônicos .

© Direitos de autor. 2016: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 21/01/2016.