terça-feira, 19 de setembro de 2023

Aula 37 - Inspeção Visual do Sistema de Proteção de Descarga Atmosférica e medição de Aterramento com Terrômetro

Figura 01 - Sistema de Proteção de
Descarga Atmosférica
A inspeção do Sistema de Proteção de Descarga Atmosférica - SPDA, e dos sistema de aterramento tem a função de garantir a equipotencialização no nível do solo ao mesmo tempo em que protege os ocupantes internos de uma edificação das tensões perigosas, o subsistema de aterramento é considerado por muitos o mais importante do SPDA. Para que ele esteja sempre em condições de atender as expectativas de projeto e segurança é preciso que, regularmente, sejam realizadas inspeções em seus captadores, condutores, conectores e hastes de aterramento.

No aterramento alguns componentes não são visíveis, pois estão enterrados no solo. Sendo assim, não é possível validá-lo, totalmente, apenas com a inspeção visual, como ocorre nos subsistemas de captação e descidas externas. Sua validação começa logo na análise do tipo de SPDA aplicado na estrutura, pois em um sistema com aterramento estrutural, a verificação é bem mais simples de se realizar do que em um aterramento externo. Sempre que existir um anel eletricamente contínuo ao redor da edificação e afastado a 1 m das paredes externas, ou seja, aterramento externo, podemos seguir o seguinte procedimento de inspeção:
  • Inicialmente, devem ser verificadas as condições de todos os conectores mecânicos que existirem neste sistema, obrigatoriamente, estes devem estar dentro das caixas de inspeção embutidas no solo. Ao detectar algum tipo de oxidação, é preciso que ocorra a imediata reposição dos componentes. Se afrouxados, basta apertar seus parafusos e porcas conforme as especificações de torque de cada conector. Essas manutenções devem ser incluídas no relatório e posteriormente repassadas ao cliente.
  • Assim como no nível do solo, é preciso verificar também as condições das conexões entre as descidas e o aterramento, que ficam suspensas a, normalmente, 1,5 m de altura. Os mesmos procedimentos anteriores devem ser adotados.
  • Por fim, é preciso realizar o ensaio de continuidade elétrica da malha de aterramento, que consiste em medir trechos e comparar as medições com valores de resistência por metro esperados. Com o auxílio de um equipamento, como o terrômetro, injeta-se uma corrente elétrica na malha para obter sua respectiva resistência elétrica. Este valor encontrado deverá ser proporcional à resistência máxima dos condutores utilizados na instalação.
Figura 02 - Captador e sinalizador do Sistema
de Proteção de 
Descarga Atmosférica
Por exemplo, o cabo de cobre nu de 50 mm² possui uma resistência elétrica máxima de 0,375 ohm por km a 20ºC. Suponha que seja preciso ensaiar uma gigantesca malha de 1 km de extensão. Após conectar o equipamento e injetar a corrente, o leitor deverá apresentar um valor próximo de 0,375 ohm. Este valor é referente à resistência total encontrada no trecho e, como o objetivo é compará-lo com a respectiva resistência do condutor, deverá ser dividido pelo comprimento do trecho ensaiado, que no caso era exatamente 1 km de malha.
Quando o valor final calculado é muito inferior à resistência dos condutores, a causa pode ser muitos outros caminhos de baixa impedância conectados à malha, como tubulações e outros elementos metálicos, que encurtam o caminho para a corrente de ensaio. Esta não é uma condição prejudicial ao sistema, mas outros pontos deverão ser ensaiados para tornar o resultado mais preciso e confiável.
Em contrapartida, quando o valor apresentado for muito superior à resistência máxima dos condutores algumas condições adversas podem estar ocorrendo, como conexões e condutores frouxos, oxidados ou corrompidos. Neste caso, será preciso repará-los o mais breve possível, pois comprometem a segurança do sistema.
Figura 03 - Caixa de inspeção e haste do Sistema
de Proteção de 
Descarga Atmosférica
Outra causa para esse problema pode ser a corrente do equipamento percorrendo um outro caminho muito longo, superior ao aplicado nos cálculos. Esta condição é bastante comum e implica na necessidade de repetir o ensaio.
Uma grande dica para agilizar o processo e minimizar os erros é a execução deste ensaio em pequenos trechos, como entre as descidas do sistema. Desta forma, no caso de detectar algum rompimento ou conexão frouxa, a distância para escavar e resolver o problema será menor, o que gera uma economia ao cliente na hora de executar a manutenção.
No caso de edificação já pronta, basta solicitar ao responsável o laudo do ensaio de continuidade elétrica, a simples análise deste relatório é suficiente para validar o sistema aplicado.
Figura 04 - Terrômetro.
Caso o laudo não exista ou tenha sido perdido, é recomendável que este ensaio seja executado novamente, como forma de garantia da segurança e eficiência do sistema. 
Para a inspeção do sistema de aterramento é utilizado o equipamento denominado como Terrômetro, sendo realizada a medição da resistência ôhmica dos pontos do sistema de aterramento. A norma ABNT NBR 5419 - Proteção Contra Descargas Atmosféricas - define que os pontos de aterramento que apresentarem valores de Resistência Ôhmica acima de 10 ohm, não estão em conformidade.
As principais anomalias encontradas na inspeção do sistema de aterramento derivam do desgaste dos elementos constituintes da malha do sistema, decorrentes de problemas nas manutenções preventivas e corretivas.
Na inspeção do sistema de aterramento deve ocorrer: verificação da continuidade, medição da resistência de aterramento e a emissão de laudo técnico atestando as condições da malha, com o registro fotográfico detalhado das anomalias encontradas e das medições realizadas, oferecendo aos clientes orientações e recomendações para sua correção, direcionando os investimentos necessários para as adequações.
Figura 05 - Uso do Terrômetro
com o método de três pontos.

A inspeção do sistema de aterramento busca assegurar que a instalação é segura, de forma a proteger os usuários das descargas atmosféricas ou sobretensões, garantindo o funcionamento dos dispositivos de proteção.
Como resultado da inspeção do sistema de aterramento, a empresa tem uma visão atualizada e precisa da edificação, proporcionando a valorização e modernização dos ativos imobiliários, a garantia da eficiência operacional e da segurança dos usuários, salvaguardando a funcionalidade, integridade e confiabilidade do sistema.

O arquivo para análise Sistema de Proteção de Descarga Atmosférica com Terrômetro elaborado por Sinésio Gomes pode ser baixado em: 23_09_09 Manutenção - Análise Sistema de Proteção de Descarga Atmosférica por Terrômetro.

© Direitos de autor. 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 01/09/2023.

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